Renan Contrera
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Estava escuro ainda quando João Hipólito de Oliveira Filho chegou ao Centro de Treinamento Profissional do Alto Solimões, na cidade de Tabatinga, município do interior amazonense distante 1.100 km da capital Manaus. O local foi um dos pontos de atendimento da Ação Cívico Social (ACISO) montados na cidade nos dias 28 e 29 , onde profissionais de saúde das Forças Armadas atuaram em várias especialidades como pediatria, clínica geral e odontologia. “Cheguei quatro horas da manhã. Vim para me consultar de uma palpitação no coração e também para tirar uma nova carteira de identidade”, afirmou Oliveira Filho, que há dois anos luta para conseguir o documento.
A ação social promovida pelas Forças Armadas atendeu, em dois dias, um total de 5.500 pessoas. Na ACISO a Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito médicos e dois dentistas. “Os tipos de patologia mais comuns que encontramos na parte da pediatria foram as parasitoses intestinais. Houve casos pontuais também de subnutrição e infecção das vias aéreas superiores. Entre os adultos, verificamos hipertensão e diabetes”, explicou a Tenente Sarah Queiroz Valle, médica da FAB.
Uma das peculiaridades da região é a grande proporção de indígenas na população. Por isso, na hora da consulta, os tradutores exercem papel fundamental. “Alguns pacientes não compreendem a língua portuguesa. Eles tentam verbalizar a queixa e não conseguem. Então, precisamos conseguir alguém que fale “ticuna, que é uma das etnias locais, para poder explicar como deve ser feito o tratamento”, ressaltou a Tenente Thais Rodrigues, médica do Exército Brasileiro.
Navio
Outro ponto de atendimento da ACISO em Tabatinga se concentrou no Navio de Assistência Hospitalar da Marinha do Brasil. “Aqui a cefaléia é uma das principais queixas. Além disso, entre adultos, a dor lombar, muito relacionada as atividades laborativas da população, também tem sido bastante relatada . Também atendemos muitas mulheres com infecção urinária”, disse a Guarda-Marinha Luara Nagata Otoch, médica da Marinha do Brasil.
Além das consultas médicas e odontológicas, os moradores também puderam fazer no navio exames um pouco mais sofisticados, como o de mamografia. A professora aposentada Celany Carlos Bezerra aproveitou a chance para fazer uma consulta de rotina.
“É uma oportunidade maravilhosa, achei ótimo, principalmente para o povo ribeirinho que tanto precisa”, explicou a paciente.
Várias outras atividades também foram programadas para os dois dias de atendimento. As pessoas puderam participar de oficina de artesanato, vacinação, emissão de documentos e até caprichar no visual, como fez Eunice Nascimento de Souza. Ela aproveitou para cortar o cabelo. “É muito bom, porque vindo aqui as pessoas já aproveitam para se arrumar, para ficarem mais bonitas”, disse a dona de casa Eunice.
Fonte: Agência Força Aérea